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A parte engraçada de quase morrer é que, depois disso todo mundo espera que você embarque no trem da felicidade e saia por aí caçando borboletas pelo gramado ou vendo arco-iris em poças de óleo na estrada. “É um milagre”, eles dizem com um olhar de expectativa como se você tivesse recebido um baita presente, e é melhor não decepcionar a vovó fazendo uma careta quando abrir o pacote e encontrar um suéter mal feito e deformado.

A vida é mais ou menos isto: cheio de buracos, nó e maneiras de ficar preso, desconfortável e dá coceira. Um presente que você nunca pediu, nunca quis, nunca escolheu, um presente que você deveria ficar empolgado para usar dia após dia, mesmo quando gostaria de permanecer na cama sem fazer nada.

A verdade é a seguinte: você não precisa de habilidades nenhuma para quase morrer, nem para quase viver. As pessoas são decepcionantes, elas buscam em você, o que não tem nelas e isso acaba sendo sufocante porque as vezes não estamos num bom dia ou estamos em algum momento difícil e você decide não ficar mal por causa daquela pessoa, pois não quer vê-la mal.

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